Em entrevista à Rádio Renascença (emissora da igreja católica), Hélder Sousa Silva, Presidente da Câmara Municipal de Mafra e Presidente dos Autarcas Social-democratas desde 2019, a um mês das autárquicas, aligeirando responsabilidades próprias em eventuais maus resultados do seu partido afirmou que “não teve intervenção em todos os níveis das escolhas autárquicas para as eleições de 26 de setembro e coloca em Rui Rio a responsabilidade dessas escolhas irem ou não ao encontro das expectativas dos eleitores“.
Na mesma entrevista, Hélder Silva acusou ainda o governo de não ter uma verdadeira vontade de descentralizar competências, tendo afirmado que “os autarcas foram maltratados durante a pandemia“.
No que se refere ao Programa de Recuperação e Resiliência (PRR), mais conhecido como bazuca europeia, ao contrário da imagem que passou em Mafra, Hélder Silva declarou à Renascença, que “olha com ceticismo” para o PRR, defendendo a revisão da divisão dos euros da Europa, feita na Área Metropolitana de Lisboa, afirmando que a fatia maior coube aos grandes municípios que são parte da AML.
Algo surpreendentemente, dado que a Câmara de Mafra distribui generosos subsídios por várias entidades do concelho, à Renascença, o atual recandidato do PSD mostrou-se contra a subsidiodependência, afirmando que uma das coisas que distingue os autarcas do PSD é o facto de não pensarem que o Estado “é o grande pai e o salvador de todas as situações“.
Relativamente ao Palácio Nacional de Mafra, Hélder Silva afirmou não pretender vir a ser o gestor único daquele património, mas confessou ter “como nível de ambição fazer parte de uma comissão de gestão, de um conselho de administração onde a Câmara pudesse ser um dos vários intervenientes“.
Não diria que esse afastar de possibilidades deva ser colocado na sua totalidade e com fundamentalismo, Hélder Sousa Silva referindo-se a acordos ou coligações com o Chega
Quando perguntado acerca das suas expectativas nas autárquicas de setembro, o candidato Hélder Silva mostrou-se confiante num bom resultado a nível nacional e manifestou-se esperançoso num maior equilíbrio entre o número de câmaras do PSD e do PS. Neste contexto e referindo-se a Rui Rio, afirmou, “o líder atual […] também fez escolhas pessoais que espero que correspondam à expectativa que o próprio líder tem, mas essencialmente que correspondam à esperança das populações locais“.
Quanto aos novos partidos de direita que se apresentam a estas eleições, o Presidente dos Autarcas Social-democratas e recandidato à presidência da Câmara Municipal de Mafra afirmou nesta entrevista à Renascença, que “há candidatos que concorrem sob a bandeira de determinados partidos que, para o PSD, são estabelecidas linhas vermelhas a partir das quais não devem ser feitas quaisquer tipos de alianças”, deixando claro que se referia a partidos à sua esquerda. Logo de seguida referiu que “relativamente aos partidos que estão à nossa direita, desta vez existem três ou quatro: o Aliança, que quase desapareceu, porque o seu mentor desertou e anda à procura do caminho; o CDS, que também vive tempos difíceis e com quem o PSD assumiu alianças que vão ser sufragadas logo no dia 26; admito coligações com o Iniciativa Liberal, com o qual julgo que poderá existir maior afinidade”. Relativamente ao Chega, este novo partido mereceu de Hélder Silva um tratamento individualizado, remetendo para Rui Rio a responsabilidade de não haver coligações pré-eleitorais entre o PSD e o Chega, mas afirmando que “também já vimos que nos Açores existiu uma coligação pós-eleitoral com o Chega. Portanto, não diria que esse afastar de possibilidades deva ser colocado na sua totalidade e com fundamentalismo porque, mais do que os partidos, o que conta são as pessoas e se os candidatos em termos locais considerarem que têm condição de formalizar algumas coligações pós-eleitorais penso que elas não poderão, nem deverão ser excluídas à partida”.